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- 12/09/2024 12:30
- Redação/Assessoria
Os conflitos no campo aumentaram em Mato Grosso no ano de 2018 em comparação a 2017. O dado faz parte da 34ª edição do Caderno de Conflitos Brasil 2018, divulgada nesta terça-feira (23).
Mato Grosso tem mais de 552 mil pessoas que moram no campo. Dessas, 28 mil se envolveram ou sofreram algum tipo de conflito no campo no ano passado.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que apresentou os dados, o relatório reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
Segundo Cristiano Cabral, agente pastoral da CPT, Mato Grosso registra um crescimento de violências sofridas contra pessoas e ocupações.
“Houve um aumento na violência no campo em Mato Grosso. Em 36 municípios registramos algum tipo de conflito. Aumentou em 24% em comparação a 2017. O que assusta é o número de pessoas que sofreu ou se envolveu em conflitos”, disse Cristiano ao G1.
O estado está em primeiro lugar no ranking de conflitos no campo – proporcionalmente ao tamanho da população rural – entre os estados da região Centro-Oeste.
O Mato Grosso registrou o aumento de 103,11% de famílias que sofreram ataques de pistoleiros.
Em 2018, 28.598 pessoas se envolveram em conflitos no campo. Foram 633 famílias despejadas, 550 famílias expulsas, 1.164 famílias vítimas de pistolagem, 1.904 conflitos por terra indígena, 1.674 trabalhadores sem-terra envolvidos em conflitos, 949 assentados e 627 posseiros.
“Ainda temos a presença forte do trabalho escravo na estrutura do agronegócio, agropecuária e em plantações de soja, algodão, milho e na mineração”, afirmou Cristiano.
Em 2018, duas pessoas morreram em conflitos em Mato Grosso.
Morte de líder de assentamento
Um dos assassinatos ocorreu no município de Paranatinga, a 411 km de Cuiabá. Carlos Antônio dos Santos, de 51 anos, conhecido como 'Carlão', era líder de um assentamento e foi morto a tiros quando deixava a sede a prefeitura na cidade com a mulher e a filha, de 9 anos, quando foi baleado por homens em uma motocicleta. O assassinato ocorreu no dia 7 de fevereiro de 2018.
Segundo a Polícia Civil, um inquérito foi aberto para esclarecer o crime. Carlão era liderança do Assentamento PDS Rio Jatobá, no Distrito Santiago do Norte, em Paranatinga.
O delegado Pablo Borges Rigo informou, à época, que a vítima havia registrado, em 2017, alguns boletins a respeito de ameaças decorrentes de conflitos de terra. Foram feitas algumas diligências para identificar os supostos autores.
Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo está localizada em Colniza (MT); foto tirada em 2015 — Foto: Jair Candor/Funai
Morte de liderança indígena
No dia 10 de outubro de 2018, um indígena morreu e outros ficaram feridos em um suposto confronto entre índios e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá.
Erivelton Tenharin, de 43 anos, era uma liderança indígena na terra indígena Kawahiva do Rio Pardo. Os indígenas tentaram ocupar a unidade do órgão que fica na T.I. Kawahiwa do Rio Pardo e foram recebidos a tiros.
Trabalho escravo
Em 2018, a CPT registrou oito pessoas em situação análoga à escravidão. O número caiu consideravelmente em relação a 2017 quando 90 pessoas estavam nessas condições.
“As pessoas que estão nessa situação de miserabilidade e vulnerabilidade precisam de alguém que mostre a elas que aquela situação é de escravidão”, afirmou.
Colniza
A CPT lembra a situação do município de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá. A região tem histórico de conflitos por grilagem de terra, disputas por território, gado e mineração.
Em 2017, nove trabalhadores rurais com idades entre 23 e 57 anos foram rendidos, torturados e mortos nos barracos onde moravam, ao longo da Linha 15, na Gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza. A chacina ocorreu em abril de 2017.
No começo deste ano, um suposto confronto deixou 9 pessoas baleadas e uma morta na Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza. Quatro seguranças foram presos por terem atirado nos posseiros, mas acabaram soltos por determinação judicial.
“Nesses casos, não houve a prisão do mandante. O que fica é o fato de matar porque a impunidade é muito grande, a institucionalização da violência”, finalizou.